fonte: Paraná Cooperativo
Desde essa segunda-feira (260/6) o público já pode ter acesso a um estudo inédito realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) que fez uma radiografia do comércio exterior brasileiro. O objetivo do estudo “Perfil das Firmas Exportadoras Brasileiras – Um Panorama” foi mapear os desafios a serem enfrentados no trabalho de promoção do comércio exterior das empresas do nosso país, para avançar na agenda de competitividade do Brasil.
Informações para agentes públicos e privados – O estudo apresenta uma radiografia abrangente das empresas que exportam, no Brasil, detalhando onde elas estão localizadas, quais os mercados de destino preferidos, e como elas se diferenciam das demais empresas que não exportam. O trabalho também identifica como se dá a dinâmica de entrada e permanência dessas firmas no comércio internacional.
Desafio – São informações que ajudarão o leitor a compreender melhor o desafio imposto às empresas que buscam a inserção internacional. O levantamento serve de subsídio para agentes públicos e privados responsáveis por desenhar políticas e estratégias empresariais destinadas a induzir a internacionalização das empresas brasileiras.
Identificação – Na avaliação da secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, o diagnóstico identifica desafios a serem enfrentados para que mais empresas exportem. De acordo com Tatiana, a reforma tributária, por exemplo, poderá dar uma enorme contribuição, não apenas para que a produção nacional seja mais competitiva, mas também para que o país pare de exportar tributos, o que, infelizmente, ainda é uma realidade.
Demanda crescente – Segundo o Diretor de Planejamento e Inteligência comercial da Secex, Herlon Brandão, há uma demanda crescente por conhecer o perfil do comércio internacional por características de empresas. “Ainda poucos países possuem iniciativas para a produção desses dados e o Brasil é um dos primeiros a disponibilizar essas informações”, afirmou. Além do presente estudo, a Secex lançou neste ano as estatísticas de Exportação e Importação por Porte Fiscal de Empresas. “A capacidade em produzir essas informações fez com que o Brasil integrasse o grupo de especialistas das Nações Unidas que está construindo um manual internacional com recomendações para a produção sistemática de dados de comércio por características de empresas, conta o diretor.
Importância da integração regional e de mercados grandes – O levantamento identificou que somente 1% das empresas brasileiras vende para o exterior. Em números absolutos, são aproximadamente 25 mil firmas as que já conquistaram seu lugar no mercado externo. Ao mesmo tempo, elas respondem por cerca de 15% dos empregos formais do país.
América Latina – “Chamou a nossa atenção o fato de que a grande maioria (61%) dessas empresas realiza negócios na América Latina, o que reforça a importância da integração regional”, diz a secretária. Segundo ela, além das vantagens da proximidade geográfica e cultural, os produtos brasileiros encontram tarifas mais baixas na região, fruto de acordos comerciais.
Tarifas médias – De fato, segundo o diagnóstico inédito da Secex, as tarifas médias impostas pelos parceiros comerciais do Brasil figuram como um fator relevante para empresas exportadoras definirem o destino de suas mercadorias.
Tamanho do mercado – Por outro lado, o estudo identifica que o tamanho do mercado consumidor passa a ser, cada vez mais, um elemento importante na definição do país alvo das empresas exportadoras. De 2018 a 2020, aumentou em 24% o número de empresas exportando para a China. Para os EUA, o crescimento foi de 21%. Para a União Europeia, de 16%. Por outro lado, o número de firmas exportando para o Mercosul cresceu apenas 2%.
Salários até 124% maiores – O estudo constatou, ainda, que empresas exportadoras, em média, pagam salários maiores, contratam mais e empregam uma proporção maior de trabalhadores com ensino superior em comparação com as empresas não-exportadoras. O prêmio salarial pago pelas empresas exportadoras em relação às não-exportadoras varia de 36% a 124%, dependendo do setor de atividade da empresa.
Chance de 65% de seguir exportando depois do primeiro ano – Entre as firmas que conseguem vender para outros países, a chance de seguir exportando após o primeiro ano de vendas externas é de aproximadamente 65%. O estudo também revelou que a maior parte das empresas exporta de maneira esporádica. Períodos de exportações ininterruptos possuem duração mediana de 3 anos. Manter as empresas no mercado externo é um desafio importante.
Concentração regional – O estudo da Secex mostra que as empresas atuantes no comércio exterior são concentradas em regiões específicas do Brasil. 54% das firmas brasileiras que venderam ao exterior em 2020 estavam localizadas nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul. O estudo também verificou que o percentual de firmas que exportaram para países do Mercosul foi quase 2,5 vezes maior nas regiões Sul e Sudeste do que nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Foi constatado, também, que as exportadoras localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste possuem maior escala (tamanho) em média, com 30% mais empregados do que as firmas exportadoras estabelecidas no Sul e Sudeste.
Vetor de desenvolvimento econômico – De acordo com a Secex, entender a dinâmica das firmas exportadoras é fundamental para que possamos estimular nossa participação no comércio exterior. A inserção das empresas de um país no comércio internacional é tradicionalmente vista como um importante vetor de desenvolvimento econômico. Empresas que acessam os mercados internacionais são positivamente impactadas no seu crescimento, demandam mão de obra mais qualificada e precisam aumentar continuamente a sua produtividade para se manterem competitivas.
Competição – Apesar desses efeitos benéficos, competir em mercados estrangeiros não é considerada uma tarefa fácil. As empresas que quiserem trilhar esse caminho precisam enfrentar, além da competição a nível global, os mais diversos tipos de obstáculos tarifários e regulatórios impostos por governos estrangeiros para aceitar que produtos importados sejam comercializados em seu território.
Dificuldades – Por isso, essas dificuldades fazem com que apenas uma parcela das empresas com potencial exportador efetivamente participe do comércio internacional, a despeito dos potenciais benefícios que elas poderiam adquirir ao fazê-lo. Justamente por isso, é preciso estudar as características das empresas exportadoras e, principalmente, entender como funciona a dinâmica da exportação e as principais dificuldades enfrentadas no processo de exportar.
Oportunidades para ampliar a base exportadora do Brasil – Para fazer com que mais empresas se beneficiem do mercado externo, a Secex tem entre as suas prioridades a facilitação de comércio, o fomento à cultura exportadora e a promoção comercial, com foco nas MPMEs. Além disso, a Secex também atua para abrir mercados para os produtos brasileiros, tanto por meio da negociação de novos de acordos comerciais e do aprofundamento daqueles já existentes, quanto pela superação de barreiras que afetam as exportações brasileiras. Ademais, o governo federal trabalha para concluir até 2026 o Portal Único de Comércio Exterior, aprimorando processos, integrando sistemas e reduzindo burocracia, custos e prazos para os operadores de comércio exterior. “Ampliar a base exportadora gerará ganhos concretos para o Brasil”, destacou Tatiana Prazeres. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços)